Da última vez que passei por Barcelona, em Maio, estava a dar uma volta pelo porto quando me apercebi de um quadro triste. Num dos cais, em vez de um navio havia uma baleia morta.Se há animais que me fascinam de uma forma extrema, são as baleias, embora prefira observá-las no mar, em suposta liberdade. E nesse aspecto não me posso queixar, pois já me cruzei com baleias inúmeras vezes no Mediterrâneo Ocidental, no Atlântico Norte e no Atlântico Sul.
Um desses encontros revestiu-se de algum dramatismo. Tudo se passou num momento, não chegou a um minuto: estava na ponte de comando de um grande paquete, a descer a costa brasileira, a norte do Rio de Janeiro, quando surgiram insesperadamente duas baleias em rumo de colisão, mesmo pela nossa proa. Felizmente o timoneiro ia atento e o navio guinou para estibordo a tempo de as baleias passarem por nosso bombordo, quase tocando no casco. Por sorte o navio seguia devagar. Tudo aconteceu tão depressa, sustive a respiração e assim que o perigo passou o susto deu lugar a um misto de admiração pela beleza daqueles animais tão pacificos, e alívio por nada lhes ter acontecido de mal.
Sorte diferente terá tido esta baleia de Barcelona... e têm outras caçadas impiedosamente por japoneses e noruegueses que cinicamente reclamam o direito de matar baleias para fins "científicos", os sacanas....
Texto e fotografia de ET - 2006
2 comments:
Viver é o que se procura, sim. "confesso que vivi" dizia o Pablo Neruda. Pst! queria visitar o blog dos barcos e não sei o endereço... Diz-me lá qual é!!!
Ah! tenho a dizer-te que sou de uma família de baleeiros; logo, a minha visão da caça à baleia - praticada de um modo artesanal e não de um modo "arrastão" como é feita na Noruega e no Japão - é ainda algo muito natural e memorialístico para mim. Beijinhos.
Caiê,
Tens razão em relação ao que dizes quanto à tradição baleeira dos Açores, mas já me encontrei no Mar com bichos desses vezes suficientes para as respeitar e não lhes tocar num "cabelo"...
Mas conheço bem a tradição que referes. Há dois anos atravessei o Mar do Norte com um tempo pintado de cinzentos carregados, deliciando-me a ler o MAU TEMPO NO CANAL, em especial a cena da pesca à baleia por aí. Um encanto. Mas o ideal é viver e deixá-las viverem também...
ET
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